Idade da Prata (1920 – 1933)


1920 – Sentindo que em Portugal não tinha futuro, os pais aconselham-no a partir para o Brasil, onde o espera o tio paterno.

 
 
 

“- Filho ergue-te, que são horas. Já vem a romper o dia.
Era a minha partida para o Brasil. Ia na companhia do senhor Gomes, estabelecido no Rio, que viera à terra e voltava. Já que o irmão lhe respondera em tempos daquela maneira, meu Pai tratou da vida por outro lado, e escreveu-lhe apenas a dizer que me mandava. E ficou assim combinado: o comerciante levava-me; se meu tio aparecesse e quisesse tomar conta de mim, muito bem; se não, empregava-me ele.”

In: A Criação do Mundo – O Primeiro Dia

 
 
 
 
 
 

“Meu Pai acompanhou-me ao comboio. Na Vila fomos primeiro a uma tasca comer uma malga de tripas cada um, e, a seguir, dirigimo-nos para a estação ao encontro do senhor Gomes, que apareceu mesmo à hora da partida.
-Aqui lhe entrego o pequeno. Faça por ele o que puder, que eu , apesar de pobre, lho agradecerei um dia. E tu, já sabes: o mundo é dos homens!
Sabia e não sabia, ao mesmo tempo. Mas fiz de conta que sim. E, para mostrar que ia cheio de ânimo, disposto a lutar e a vencer, subi para a carruagem como se nada fosse.
Eu próprio estava admirado da minha serenidade, quer à despedida em casa, quer ali. Mas apenas o comboio se pôs em andamento, e meu Pai foi ficando cada vez mais longe, lavado em lágrimas na gare, cegaram-se-me subitamente os olhos e chorei desesperadamente.”

In: A Criação do Mundo – O Primeiro Dia

 
 
 

1924 – O tio manda-o estudar para o Ginásio de Leopondina.

1925 – Regressa a Portugal com os tios.

1925 – Vai para um colégio em Coimbra, onde faz o liceu em três épocas, contando sempre com a ajuda económica do tio.
Continua a escrever agora admirando especialmente Antero de Quental.


1928
– Inicia o curso de Medicina em Coimbra.

1928 – Publica o primeiro livro de versos Ansiedade que posteriormente retira das livrarias, considerando-o “uma pobre colectânea de sonetos e canções”.

1929 – Participa nos meios literários em especial no grupo da Revista Presença. Aí publica Balada da Morgue.

1930 – Corta, por carta aberta, com a Presença. Acompanham-no Edmundo de Bettencourt e Branquinho da Fonseca.

1930 – Com Branquinho da Fonseca funda a revista Sinal, que terá apenas um número.

Publica Rampa, outro livro de Versos

1931 – É publicado o terceiro livro de versos Tributo e o primeiro livro em prosa Pão Ázimo.

1932
– Publica Abismo, poesia.