David Correia Sanches de Frias, nasceu a 2 de Outubro de 1845 em Pombeiro da Beira. Filho de António Correia de Frias, natural de Pombeiro e de D. Ana do Sacramento Machado da Silva Sanches, igualmente nascida em Pombeiro.
Embora de linhagem nobre a sua família oriunda da zona de Viseu não tinha titulo. O título de Visconde em duas vidas foi-lhe atribuído já depois do regresso a Portugal vindo do Brasil e deveu-se aos serviços prestados nas Associações de índole social e cultural a que pertenceu ao longo da sua estadia no Brasil.
O título passou para sua filha Maria Aline que o usou como Viscondessa de Sanches Frias.
Orfão de mãe desde os 3 anos de idade, seu pai voltou a casar. David fica a cargo da avó materna. Quando o seu avô morre, os herdeiros, temendo que fosse privilegiado na herança dos avós, partilham os bens entre si deixando a avó e consequentemente o neto desamparados economicamente.
Frequenta a escola primária em Aldeia Nova com o mestre António Dias Ferreira, tio-avô do conselheiro José Dias Ferreira.
Passa depois a frequentar a Escola de Gramática Portuguesa, Latim e Latinidade, regida pelo professor António Joaquim Ribeiro de Campos, em Arganil.
Aos 15 anos escreve a sua primeira poesia “Triste fado” que depois rejeita por a achar de fraca qualidade. Passado um ano escreve “Amor por Amor” que também despreza pelos mesmos motivos.
Conclui o seu 4º ano de latim e é aprovado em Coimbra no exame de estudos primários.
A 4 de Novembro de 1862 parte para Lisboa a pedir a protecção do seu tio-avô materno o ministro Júlio Gomes da Silva Sanches. A protecção em tempos prometida é-lhe negada tendo regressado a Pombeiro. Decide então emigrar para o Brasil, onde chega em Setembro de 1863.
Tendo perdido durante a viagem parte da bagagem, inclusive cartas de recomendação que levaria, a realidade que encontra no Rio de Janeiro não corresponde às suas expectativas. Obrigado a trabalhos menores que não estão de acordo com a sua condição, não desiste. A sua inteligência e capacidade de trabalho, para além do orgulho que tem nas suas raízes, permitem-lhe evidenciar-se intelectualmente. O que acontece mais tarde quando, reconhecidas as suas capacidades intelectuais e de carácter, passa a trabalhar no escritório da empresa, tornando-se mais tarde o seu responsável pela contabilidade da mesma.
Naturalmente acompanha as manifestações culturais que acontecem na cidade, nomeadamente a vida literária que segue através do Gabinete Português de Leitura.
Na esperança de ver o seu trabalho publicado, envia a Simões Dias um manuscrito com um conjunto de poemas para o qual pede a opinião do seu amigo. No entanto Simões Dias embora lhe reconheça talento, não recomenda a publicação.
Em 1869 viaja para Belém do Pará onde funda uma nova empresa Frias Nogueira & Baptista.
Continua a escrever, integrando-se cada vez mais na comunidade literária. Em 1870 é nomeado presidente do Grémio Literário Português e do “Azilo Portuguêz da Infãncia Desvalida “
Em Belém do Pará conhece a sua futura esposa, D. Maria Joana Carreira de Abreu Guerra com quem casa em 1872. Em 1873 nasce a sua filha Filomena Alina que virá a ser a 2ª Viscondessa de Sanches Frias.
Em 1874 funda o Colégio Frias – Academia Feminina onde sua esposa lecciona várias disciplinas e se torna uma escola respeitada na sociedade Paraense. Em 1879 o colégio recebe um diploma de mérito no Certame Industrial e de Artes na Sociedade Artística Paraense.
Entretanto vai publicando várias obras nomeadamente um conjunto de artigos sobre o tema A Mulher.
Por motivos de saúde regressa a Portugal em 1880 e regressa também, depois de vários anos, à sua terra natal, onde o abandono e a pobreza o impressionam e o levam a escrever palavras amargas sobre a realidade que encontrou. Estes artigos foram publicados no seu livro Notas a Lápis.
Em Portugal rapidamente se integra no ambiente literário da época. Colabora com vários jornais e revistas sendo correspondente do jornal Correio da Noite. Publica também vários artigos no jornal Atlântico.
Em 1883 morre sua mulher com apenas 33 anos. Dedica-lhe o livro Maria de Frias – memórias biográficas e páginas íntimas. Era então redactor e proprietário do jornal Capital em sociedade com Cândido de Figueiredo. Publica Notas a Lápis onde reúne vários artigos publicados em jornais.
Regressa a Pombeiro onde reconstrói a casa de família.
Em 1889 funda o jornal O Globo em parceria com Simões Dias, Cândido de Figueiredo e Oliveira Simões.
Publica Quadros à Pena e o Senhor de Foios e em 1895 O Poeta Garcia sobre a vida de Brás Garcia de Mascarenhas.
Em 1896 publica pela primeira vez Pombeiro da Beira numa versão inicial muito resumida. É aqui usada pela primeira vez a expressão “Pombeiro da Beira”, com que o autor quis distinguir Pombeiro, do Pombeiro do Norte, com o qual por vezes se confunde.
Publica Horas Perdidas com ilustração de sua filha Filomena Alina.
Publica em 1889 a segunda edição de Pombeiro da Beira – memória histórica, descritiva e critica.
Nesse ano é levada à cena no teatro de D. Pedro da Cunha em Arganil a peça de Sanches de Frias Jorge de Aguillar interpretado por um conjunto de Arganilenses constituído por Valentina Simões, Aníbal Taborda, Quaresma Caldeira, Pereira Serrano, Luis Pinto, Antonino Jorge Rodrigues, José Fonseca e Costa Gomes. A peça foi um êxito, voltando a repetir-se mais tarde.
Em 1903 o Visconde de Sanches de Baena publica o livro Ave Labor – divisa de um homem forte onde trata a biografia e genealogia do Visconde de Sanches Frias, a partir de um texto que tinha sido já publicado na introdução do livro Pombeiro da Beira.
Prefacia a obra de Simões Dias, Figuras de Gesso. Publica em 1907 o livro Memórias Literárias. Publica em 1908 o livro Ersila ou os Amores de um Poeta e logo de seguida o opúsculo Os partidos que se Partem e Repartem. Publica Quadros e Letras, colectânea de contos e narrativas e o conto Cigano, incluído no livro Histórias e Romancetes. Publica ainda A Mulher- sua infância, educação e influência na sociedade.
É eleito membro graduado da Sociedade Histórica Internacional de Paris.
Em 1913 publica Os judeus, A Filha de Raja e Arthur Napoleão.
A Câmara Municipal de Arganil decidiu atribuir o nome de Visconde de Sanches Frias à rua onde viveu, quando frequentou a Escola em Arganil.
É eleito sócio da Academie Latine de Sciencias Arts e Belles Letres de Paris.
Colabora com Veiga Simões no jornal Correio de Arganil (1915) com a rubrica Colóquios Pastoris.
Morre a 19 de Março de 1922 na sua casa de Pombeiro da Beira, tendo o seu corpo ficado depositado em jazigo de família, tendo sido mais tarde transladado para jazigo próprio no cemitério do alto de S. João, em Lisboa.
Sua filha, Filomena Alina, casa com o Dr. Augusto de Oliveira Coimbra, notário e advogado e passa a viver em Arganil. Herda o título do pai, passando a designar-se como Viscondessa de Sanches Frias. Dedica-se à pintura e à música. Ainda em vida oferece à Câmara Municipal o seu rico espólio de quadros de sua autoria, bem como vários leques por si pintados e ainda o seu piano de cauda. Morre em arganil no ano de 1952, tendo o seu corpo sido transladado também para o cemitério do Alto de S. João em Lisboa.