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No início do século XX Arganil era um concelho com 20 516 habitantes sendo 9 172 do sexo masculino e 11344 do sexo feminino.
O concelho era constituído por 16 freguesias, todas elas com uma densidade populacional muito significativa.

Os censos de 1911 mostram um ligeiro aumento no número de habitantes do Concelho.

Censos 1900
Censos 1911
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No início do século XX a população do Concelho de Arganil era predominantemente agrícola cultivando pequenas courelas ou trabalhando para grandes proprietários nomeadamente dos terrenos expropriados às extintas ordens religiosas como o Mosteiro de Folques e o Convento de Vila Cova. Em Pomares os terrenos da Marquesa de Pomares permitiam uma agricultura intensiva com produção excedentária que permitia a venda de produtos para fora do Concelho.

A indústria, num estado incipiente, pouco passava de artes mecânicas, estava espalhada por todo o concelho embora ocupasse uma percentagem mínima da população.

Multidao Cartaz 2

Em 1911, um ano depois da Implantação da República Arganil continua a ser um concelho profundamente rural.

Quadro Profissoes

Desenvolvem-se por todo o concelho, mas com maior incidência nas freguesias de Pombeiro e S. Martinho da Cortiça, pequenas manufacturas caseiras para a fabricação e tecelagem do linho. No alto concelho a fabricação de colheres de pau e gamelas em castanho e cestaria está bastante desenvolvida embora sirva apenas necessidades locais.

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A indústria da extração do barro e fabricação de produtos cerâmicas desenvolveu-se em Coja, Arganil, Folques e Vila Cova embora ainda numa fase muito incipiente.

Arganil

No início do século XX Portugal era um dos países da Europa com maior taxa de analfabetismo. No concelho de Arganil a situação era igualmente dramática. Em 1901 dos 20 516 habitantes permanentes no concelho, 6768 homens e 10 798 mulheres, eram analfabetos. Todavia 15 das 16 freguesias que compunham o concelho tinham escola do ensino primário com professor colocado. Verificamos, no entanto que apenas 728 c r ianças frequentavam a escola o que corresponde a 35,5 crianças em cada 1000 habitantes.

Escola Do Paco
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Compreende-se que a educação tenha sido uma das maiores preocupações do novo regime.

Com a Implantação da Republica incrementou-se o número de escolas que de 19 em 1900 passaram a 30 em 1915 leccionando no concelho 12 professores e 18 professoras.

É importante realçar que muitas crianças aprendiam a ler e a escrever em casa; ou com familiares ou com pessoas que se dispunham a ensinar as primeiras letras propondo-se mais tarde a exame do 1º grau equivalente à 3ª classe ou do 2º grau que dava o diploma do ensino primário.

Crianças em idade escolar que frequentavam o ensino oficial e os submetidos a exame do 1º grau (terceira classe) e 2º grau (quarta classe)

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Escola Bermudes

No entanto apesar do grande esforço desenvolvido pelos Governos e pelos Cidadãos, em 1930 dos 20691 habitantes do concelho apenas sabiam ler 3761 homens e 2227 mulheres e só em 1950 se atinge os 50% de Arganilenses com competências de leitura e escrita.

Escola 2
Noticia Sao Martinho

A comunidade em geral preocupava-se com o estadoda educação e a necessidade de dar instrução às crianças.

Muitas vezes as escolas eram criadas sem as mínimas condições físicas para funcionar e havia depois a necessidade de remodelar edifícios, adquirir mobiliário e material escolar.

Muitas escolas foram construídas e apetrechadas com donativos oferecidos por particulares, como se pode observar numa notícia publicada no jornal “A Comarca de Arganil” de 13 de Abril de 1911.

Ensino Primario
Rua Para Passo

A pequena burguesia arganilense era formada por funcionários da administração central e local, profissionais livres, pequenos comerciantes e estudantes, cujo estilo de vida se distinguia da massa anónima da população do concelho e que se traduzia numa certa preocupação das famílias em levar a educação dos filhos além da mera educação dada pela instrução primária.

Burguesia 2
Burguesia
Burguesia 3

Distingue-se também pelo gosto na discussão das ideias nas tertúlias que se iam criando; no interesse pela música e pelo teatro misturada com uma certa simplicidade e relacionamento com a população restante.

Burguesia 4
Burguesia 6
Burguesia 5

A população arganilense era, nesta época, profundamente religiosa.

Nomes como Caetano Lobo e Manuel Vasconcelos Delgado marcaram religiosamente uma época, pelo ambiente religioso que souberam criar, pela acção desenvolvida em actividades culturais como seja a música, mas também no campo da educação onde desenvolveram estruturas que permitiram ao povo de Arganil adquirir os conhecimentos básicos da leitura e da escrita.

Esta religiosidade mantém-se e transmite-se de geração em geração.

Mont Alto
Procisao
Pascal
Procisao 2
Praca

Os anos do final da Monarquia Constitucional e a Implantação da República ficaram marcados por nomes como Veiga Simões e Alberto da Moura Pinto. Ambos desenvolveram uma actividade política de âmbito nacional e internacional. Militando nos maiores partidos eles foram polémicos, convictos nas suas ideias mantendo sempre uma perspectiva democrática. Outro nome que surge nesta época é o de Antero Alte da Veiga.

Alberto Moura Pinto

Alberto da Moura Pinto, nasceu em Coimbra em 1883. Concluiu a sua licenciatura em direito em 1904. Em 1908 era Administrador do Concelho de Arganil. Fez parte da Junta Central Revolucionária de Coimbra, estando na origem da criação de centros revolucionários entre os quais Arganil. Após a implantação da República voltou a ser
Administrador do Concelho de Arganil sendo substituído por Antero da Veiga. Em 1911 foi eleito deputado à Assembleia Constituinte por Arganil. Ocupou a pasta de Ministro da Justiça no período de Dezembro de 1917 a Março de 1918.

Grande activista na luta contra a ditadura de Oliveira Salazar que o leva ao exílio tendo acabado por viver parte da sua vida em Espanha, França e finalmente no Brasil. Regressa a Portugal já doente acabando por falecer na sua Quinta dos Vales em 1960.

Alberto Veiga Simoes

Alberto da Veiga Simões nasceu em Arganil em 1888. Era filho de José Simões e de D. Guilhermina Alves da Veiga Simões, casal da burguesia arganilense, proprietários rurais que levavam uma vida desafogada, o pai foi escrivão de direito. Gente educada, respeitada que puderam proporcionar ao filho uma vida rodeada de
conforto.

Veiga Simões distinguiu-se desde os bancos da escola primária. Inteligente e ambicioso ingressa na universidade de Coimbra em Direito com apenas 17 anos.
Jornalista, Escritor, Investigador, Advogado, Politico, Diplomático, a sua enorme versatilidade intelectual e a sua personalidade fazem dele um dos mais ilustres arganilenses.

Alter Da Veiga

Antero Dias Alte da Veiga foi o primeiro Administrador do Concelho de Arganil após a Implantação da República.

Politico e diplomata para além de guitarrista e compositor, nasceu em 1866 em Cerdeira (Arganil). Foi um dos fundadores do jornal “A Folha de Oliveira”, que tinha entre os seus redactores os militantes republicanos Alberto Moura Pinto e António Neves.

Foi ainda administrador dos concelhos de Oliveira do Hospital, Miranda do Corvo. Em 1821 foi nomeado Cônsul de Portugal na Corunha. Guitarrista e compositor, a sua grande paixão foi o fado e a guitarra de Coimbra.

Morreu em Mogofores em 1960.

A primeira Filarmónica Arganilense surgiu em 1853 por iniciativa do Padre Vasconcelos Delgado. Porém, em finais de 1854, princípios de 1955, essa filarmónica cindiu-se em duas: a Música Nova e a Música Velha.

Só em 1911 as duas filarmónicas se fundiram de novo, provavelmente por influência do padre Francisco Vasconcelos.

Filarmonica 1853
Filarmonica 1853 A
Filarmonica 1911
Edificio Camara 2

O edifício onde hoje se encontram os Paços do Concelho remonta aos anos 30 do século XX.

A sua localização foi motivo de grande polémica já que uma grande corrente de opinião defendia a sua localização no Paço, junto ao contemporâneo edifício da cadeia.

No local onde acabou por ser construído, existia o velho edifício da cadeia e tribunal que vinham já do século XIX.

No entanto há conhecimento de um projecto do século XVIII para o mesmo edifício.

Edificio Camara 1
Tribunal 1835
Camara 1936
Vista Do Edificio
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