Filho de António Castanheira Nunes Júnior e de Adelaide da Conceição Castanheira Nunes, João Castanheira Nunes nasceu em Arganil a 17 de dezembro de 1921.
Adelaide da Conceição Castanheira
António Castanheira Nunes Júnior
In: A Comarca de Arganil n.º 1076 (22.12.1921), p. 2
In: A Comarca de Arganil n.º 1077 (01.01.1922), p. 2
João Castanheira Nunes frequentou o curso de Regente Agrícola na Escola Agrícola de Coimbra e em agosto de 1942 parte para o Porto para frequentar o curso de Sargentos Milicianos.
Em 9 de outubro de 1948 casou com Maria da Graça Amorim Neves, desta união nasceram dois filhos, João Alberto e José António Amorim Neves Castanheira.
João Castanheira Nunes, ao longo da sua vida, entregou-se com determinação e envolvimento à obra social e humanitária, bem como à família e à terra que o viu nascer. Enquanto diretor d’ A Comarca de Arganil a sua obra transcendeu os nossos limites geográficos e levou o nome de Arganil para todo o mundo.
João Castanheira Nunes com o pai e os irmãos na Portelinha
Com os filhos no Rossio – Lisboa
“De um dinamismo impar e de uma permanente disponibilidade para servir, João Castanheira Nunes fez história em Arganil.”
In: A Comarca de Arganil n.º 8274 (17.11.1981)
João Castanheira Nunes foi sócio-gerente da empresa A Comarca de Arganil, na qual começou a trabalhar em 1945, depois de uma estadia em Angola.
Em 25 de outubro de 1956, na sequência do falecimento do seu tio José Castanheira Nunes, foi nomeado editor e diretor-adjunto, assumindo a direção efetiva a 19 de Abril de 1957.
“João Castanheira Nunes passa (…) a ocupar os cargos de director e editor mas a filosofia de acção do jornal não sofre qualquer alteração (…)”
In: A Comarca de Arganil: 100 anos da memória de um jornal
A acção de João Castanheira Nunes no desenvolvimento de A Comarca de Arganil foi determinante para o seu desenvolvimento.
“À custa de uma ginástica quase homérica transformou uma tipografia quase artesanal numa unidade industrial gráfica de considerável dimensão.”
In: A Comarca de Arganil nº 8274 de 17.11.1981
Receção da embaixada arganilense nas escadarias do aeroporto de Luanda para a realização do número especial de A Comarca de Arganil, dedicado a Angola
Em 1959 é publicado um número especial dedicado a Angola, em que é publicado o material recolhido por João Castanheira Nunes e o Padre José Vicente durante a viagem a este país. Esta edição constituída por mais de 100 páginas, ostentando algumas delas cor, representa um significativo avanço técnico.
Para além de bom gestor, João Castanheira Nunes foi também um jornalista de garra.
In, A Comarca de Arganil n.º 7189 de 13.06.1974
“A sua caneta era a arma permanentemente apontada para o bem-comum e as colunas deste trissemanário o seu campo de batalha. Bem se pode afirmar que não há melhoramento nesta região sem a marca do apoio incondicional de A COMARCA sob a direcção de João Castanheira Nunes, desde as águas aos arruamentos, das pontes às estradas, dos lavadouros às electrificações, das escolas às mais variadas obras sociais.”
In: A Comarca de Arganil nº 8274 de 17.11.1981
In, A Comarca de Arganil n.º 8064 de (17.06.1980), p. 1
Em 1959 é publicado um número especial dedicado a Angola, em que é publicado o material recolhido por João Castanheira Nunes e o Padre José Vicente durante a viagem a este país. Esta edição constituída por mais de 100 páginas, ostentando algumas delas cor, representa um significativo avanço técnico.
Para além de bom gestor, João Castanheira Nunes foi também um jornalista de garra.
João Castanheira Nunes na redação com Francisco Carvalho da Cruz
No gabinete d’A Comarca de Arganil
Em 25 de fevereiro de 1956, em cerimónia realizada na sede, João Castanheira Nunes assumiu o cargo de Comandante dos Bombeiros Voluntários Argus.
“Em 1955, após o falecimento de Frederico Simões, o comando [da Corporação dos Bombeiros] passa para as mãos de João Castanheira Nunes. Recordo-o com a emoção com que se recorda o melhor amigo da nossa juventude…
Apesar do doente que foi ao longo de tantos anos da sua vida, João Castanheira era o que pode chamar-se um lutador de garra, um dinâmico empreendedor, um verdadeiro homem de acção – que gostava de pôr o seu entusiasmo e o seu dinamismo ao serviço da causa pública. Arganil ficou a dever-lhe obras inestimáveis e o desenvolvimento que imprimiu à Corporação, principalmente no domínio do equipamento em «material», foi uma delas; mas não é tudo: mercê da sua enorme capacidade mobilizadora (servindo-se de A Comarca que então dirigia) conseguiu levar a bom termo a edificação do quartel-sede (…)”
Amândio Galvão in Crónicas da minha terra
Uma das últimas fotos em que aparece o comandante Frederico Simões. Na ocasião era presidente da Direção João Castanheira Nunes, que viria a ser o seu sucessor.
In, A Comarca de Arganil n.º 4892 (18.12.1958), p. 1
“A realização de um sorteio monumental foi decidida pela Direcção como modo de conseguir a adesão dos associados e conterrâneos à causa da construção do quartel-sede (…)
O êxito que veio a ser atingido ficou a dever-se, em grande parte, à acção jornalística e pessoal de João Castanheira Nunes que teve no seu irmão Victor, residente em Angola, um apoiante sempre actuante.”
In: Associação humanitária dos Bombeiros Voluntários Argus: livro comemorativo”
“Com a construção desta casa, está satisfeita a maior aspiração desta Associação de Bombeiros. E oxalá que ela de futuro sirva para que estes abnegados Soldados da Paz possam cumprir ainda melhor o seu dever, em defesa da vida do seu semelhante.
A construção deste edifício constitui, pois, como que uma dádiva e uma homenagem aos Bombeiros. E aos bombeiros tudo se deve dar. É que – nunca é demais acentuá-lo – os bombeiros sacrificam dias de trabalho e horas de repouso em prol do seu semelhante. Acodem aos incêndios e a todas as catástrofes sem olharem a perigos de vida ou de integridade física. (…)
Há pois que dar aos Bombeiros de Portugal os meios de acção de acordo com a nobilíssima função que desempenham na sociedade. E há sobretudo que seguir também o seu exemplo, pois estou certo – absolutamente certo – de que se o espírito de solidariedade humana, que é símbolo dos bombeiros de todo o mundo, reinasse também no coração de toda a gente, este mundo conturbado em que vivemos seria mais feliz.”
Excerto do discurso proferido por João Castanheira Nunes na inauguração do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Arganil
Sessão solene da inauguração do Quartel dos Bombeiros Voluntários
Sessão solene da inauguração do Quartel dos Bombeiros Voluntários
A 10 de Maio de 1974, após 35 anos de fecunda atividade ao serviço da Corporação, em carta dirigida ao Presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários Argus, João Castanheira Nunes pede a demissão do cargo de Comandante.
João Castanheira Nunes fardado
Para além dos cargos que desempenhou n’A Comarca de Arganil e na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Argus, João Castanheira Nunes envolveu-se em diversos outros projetos.
Teve papel de relevo na fundação do Grupo Desportivo Argus, de que foi dirigente e jogador, e foi um dos membros fundadores do Lions Clube de Arganil.
Jogo de Futebol realizado entre a Académica de Coimbra e o Grupo Desportivo Argus, no âmbito da programação da Feira do Mont’Alto de 1961
Primeira deslocação a Arganil de uma delegação do Lions Clube de Lisboa-Mater, com vista à criação do Lions Clube de Arganil. Na foto Dr. Mendes Paulo, Eng. Frederico Kessler, João Castanheira Nunes e Dr. Alberto Ferreira.
Carta Constitutiva do Lions Clube de Arganil, assinada pelo Governador do Distrito 115, dr. Dias Costa, a 5 de novembro de 1971.
“Título de uma Ação de 500 escudos” para ajudar a subsidiar a construção do Teatro.
Teatro Alves Coelho na noite da inauguração, em 09/05/1954
Empenhou-se ativamente para que a edificação do Teatro Alves Coelho fosse realidade, colaborando ativamente na angariação de fundos e mobilização de patrocínios para a sua construção.
Na década de 60 foi chamado para a vereação Municipal de Arganil, tendo tomado posse do cargo de vereador da Câmara Municipal de Arganil em 10 de dezembro de 1967, assumindo o pelouro do turismo.
Outras grandes obras mereceram a atenção e mobilização de esforços de João Castanheira Nunes através do jornal “A Comarca de Arganil”.
São exemplos a construção da primeira casa do Bairro Social da Portelinha – Casa José Castanheira Nunes em 1959, a criação da Escola Técnica em Arganil, em 1970, as visitas aos doentes da Beira-Serra internados em diversos hospitais do país na quadra natalícia, e as colónias balneares infantis de A Comarca de Arganil, que durante muitos anos levaram à praia de Mira muitas dezenas de crianças da região de Arganil.
Painel turístico, cujo projeto é da autoria de António Ventura, mandado construir pela Comissão Municipal de Turismo de Arganil, da qual João Castanheira Nunes foi presidente.
Miradouro de Coja, da autoria do Eng.º Custódio Gonçalves Palma, mandado construir, em 1968, pela Comissão Municipal de Turismo de Arganil, presidida por João Castanheira Nunes.
João Castanheira Nunes sofria de doença renal grave, a qual desde 1979 o obrigava a regulares sessões de hemodiálise. Em Novembro de 1981 a sua condição de saúde agravou-se seriamente, falecendo no dia 14 desse mesmo mês.
O seu funeral constituiu um sentido momento de pesar a que toda a região se associou de forma impressionante.
O seu corpo repousa no cemitério de Arganil, em jazigo de família.
A 14 de novembro de 1986 foi inaugurado o monumento em homenagem a João Castanheira Nunes, junto ao seu gabinete de trabalho, na rua Oliveira Matos.
Em novembro de 2011 João Castanheira Nunes foi homenageado em sessão solene da Câmara Municipal de Arganil e o seu nome atribuído a uma rua da vila, “garantindo assim que a sua memória, o seu exemplo se mantenham vivos no coração de cada um de nós.”