Durante a 2ª década do século XX, o país vive a realidade da Primeira Guerra Mundial. Portugal entra na guerra ao lado dos denominados aliados de que fazem parte a França, Grã-Bretanha, Rússia, Estados Unidos e outros.
A Primeira Guerra Mundial começou em 28 de julho de 1914 com o assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria, o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo nacionalista jugoslavo Gravilo Princip em Sarajevo, na Bósnia, e durou até 11 de novembro de 1918.
O conflito envolveu as grandes potências de todo o mundo,que se organizaram em duas alianças opostas: os aliados (com base na Tríplice Entente: Reino Unido, França e Império Russo) e os Impérios Centrais, o Império Alemão e a Áustria-Hungria. Originalmente a Tríplice Aliança era formada pelo Império Alemão, pela Áustria-Hungria e o Reino da Itália. Todavia a Itália acabou por romper a aliança e juntou-se mais tarde à Tríplice Entente.
A guerra desenrola-se em várias zonas do mundo: Europa em 4 frentes, Próximo oriente, nas Colónias Africanas e Asiáticas e nos diversos mares e oceanos.
A Alemanha declara guerra a Portugal em 1916, na sequência da apreensão por parte de Portugal e Inglaterra de vários navios alemães que se encontravam ancorados no Tejo.
No início de Janeiro de 1917, começam a embarcar para França os primeiros contingentes de tropas que iriam constituir o Corpo Expedicionário Português.
Portugal, no entanto, já há muito enviara homens para as suas colónias ultramarinas, cobiçadas tanto pela Alemanha como pela Inglaterra, porque temia que fossem consideradas moedas de troca em eventuais entendimentos entre os dois países.
Juntando-se aos aliados, Portugal surgiria como vencedor e assim se sentiria protegido para resistir a quaisquer outras pretensões aos seus domínios no Ultramar.
Por todo o país e também no Concelho de Arganil tem início o processo de mobilização de jovens para a guerra.
Procede-se ao recenseamento em todas as freguesias do Concelho, tendo sido recenseados no ano de 1917 os seguintes mancebos:
Anseriz – 3;
Arganil – 41;
Benfeita – 22;
Celavisa – 8;
Cepos – 5;
Cerdeira – 6;
Côja – 21;
Folques -15;
Piodão – 9;
Pomares – 22;
Pombeiro da Beira – 23;
S. Martinho da Cortiça – 25;
Sarzedo – 6;
Secarias – 6;
Teixeira – 7;
Vila Cova de Sub-Avô – 22.
A instrução Militar Preparatória realizava-se em Côja das 8 às 10 horas da manhã e em Arganil das 5 às 7 horas da tarde.
Recenseamento Militar no Concelho de Arganil nos anos de 1916, 1917 e 1918
1916
1917
1918
Motivada pela guerra mas também pela instabilidade política que se viveu durante a I República com governos sucessivos e a hostilidade contínua entre as várias facções, que provocou o caos institucional e levam o País a períodos de ditadura, a situação económica em Portugal degrada-se rapidamente.
Dependente do trigo estrangeiro principalmente dos Estados Unidos, a insegurança dos mares devido à guerra, impede a importação deste cereal. Os riscos da navegação provocam a subida do preço do cereal e tornam-no proibitivo.
O governo para impedir a subida exponencial do preço do pão, passa a subsidiá-lo à custa dos cofres do Estado.
As notícias sobre o Serviço Militar são constantes: pagamento de pensões aos familiares dos soldados que fazem parte do Corpo Expedicionário Português, bem como os que em Africa defendem as colónias ultramarinas; informação do governo sobre o recenseamento; muita correspondência militar e notícias constantes sobre a guerra e o comportamento dos nossos soldados.
Também a morte: “O Primeiro Heroe do Concelho de Arganil” é a notícia da morte em França do soldado de infantaria 23, António Silva, natural de Vinhó, freguesia de Vila Cova de Sub-Avô, o primeiro soldado morto na guerra, natural do Concelho de Arganil.
Lista dos militares falecidos na Europa durante a I Guerra Mundial
TUDELLA, Luís Manuel de Oliveira de Noronha – Militares falecidos na grande guerra 1914-1918 em França : Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra. [S.l.] : ed. do autor, 2017. 196 p.
Lista dos militares falecidos em África – Moçambique, durante a I Guerra Mundial
TUDELLA, Luís Manuel de Oliveira de Noronha – Militares falecidos na grande guerra 1914-1918 em França : Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra. [S.l.] : ed. do autor, 2017. 196 p.
Finalmente a 11 de Novembro de 1918 as forças beligerantes decidem pôr fim ao conflito que durante 4 anos pôs em sangue um enorme território em vários continentes e muitas frentes de batalha.
Em Portugal, a notícia é recebida com júbilo como dá conta o artigo publicado na A Comarca de Arganil de 14 de Novembro. Por todo o mundo se festeja o fim do sangrento conflito.
Com o fim da Guerra muitos militares são agraciados com medalhas pela sua bravura e heroísmo.
Lino Leão Teixeira combateu contra os Alemães em Dunquerque, França, tendo numa das batalhas sido aprisionado pelo inimigo e enviado para o campo de concentração na Alemanha. Conseguiu evadir-se com outros compatriotas em 1917.
Foi comandante de esquadrilha em Alverca, finalizando a sua carreira militar com o posto de Major Aviador.
Era pai de Lino Júlio Teixeira que serviu os Serviços Florestais durante muitos anos em Arganil, como Engenheiro Silvicultor. Durante a Guerra foram-lhe atribuídas algumas medalhas que aqui se reproduzem.