Director do Museu Nacional Machado de Castro


Os vastos conhecimentos de António Nogueira Gonçalves e a sua relação de amizade com o Dr. Vergílio Correia, Director do Museu Machado de Castro, levaram-no a aceitar em finais dos anos 30, o cargo de conservador ajudante do Museu Machado de Castro, que dirigiu entre 1944 e 1951, embora nunca tenha sido oficialmente nomeado para o cargo de director.
No museu organizou metodicamente as colecções de cerâmica, ourivesaria e tecidos, tapeçaria e paramentaria, publicando os respectivos catálogos. Colaborou activamente na organização da Exposição de Ourivesaria Portuguesa de 1940 e promoveu, sucessivamente, em 1946 e 1949, as grandes exposições nacionais dedicadas à Iconografia da Virgem e à Escultura Medieval.

Fixei-me na alta. Só anos depois passei ao seminário, onde encontrei segurança, ambiente,amizades, que gratamente recordo e agradeço. Em Coimbra, posto que as receitas fossem modestas,encontrei-me no meu meio. Havia o Museu com colecções únicas: era a escultura medieval, e da Renascença, eram os tecidos ricos e a ourivesaria, a pintura e a cerâmica. Estava o director-fundador, com o qual entrei em relações, a reformar-se. Veio a seguir aquele que foigrande estudioso da Arte nacional o prof. Doutor Vergílio Correia, de delicada simpatia.”

Extracto do discurso de António Nogueira Gonçalves, proferido na entrega da medalha de Ouro do Concelho em 1992

O seu imenso saber e a enorme dedicação que votou ao registo e estudo das colecções ficaram para sempre patentes nos inventários do Museu, nos catálogos de ourivesaria, têxteis e cerâmica, nos mais de 300 títulos publicados abrangendo,além daqueles temas, a arquitectura e a escultura da Idade Média e daRenascença.

“As bibliotecas do Seminário Maior e da Universidade bem como os respectivos arquivos, proporcionavam material abundante, ao que se juntavam os monumentos da cidade, sobretudo no campo da arquitectura, documentando praticamente todos os estilos e correntes, desde o romano aos ecletismos novecentistas. A escultura, a pintura, a ourivesaria e os tecidos estavam e estão, igualmente, bem representados nos museus e nas igrejas coimbrãs dos arredores da cidade do Mondego. A curiosidade, o gosto pelo saber, a tradição familiar de cultura e ensino, tudo isso potenciou o desenvolvimento das suas capacidades inatas.”

Pedro Dias in António Nogueira Gonçalves: nota biográfica, obra científica. Arganil: Câmara Municipal, 1992