Maria Alberta Menéres
Maria Alberta MenéresMaria Alberta Menéres nasceu em Vila Nova de Gaia, no dia 25 de agosto de 1930. Estudou Ciências Histórico-Filosóficas e foi professora em várias escolas.
Entre 1974 e 1986, trabalhou na televisão (na RTP), onde foi responsável por programas dedicados a crianças e jovens. Também criou e produziu muitos desses programas!
Ao longo da vida, traduziu livros, escreveu peças de teatro e poemas — tanto para crianças como para adultos. Escreveu mais de 100 livros infantis e juvenis! Em 1986, recebeu o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças, como reconhecimento pela sua grande obra. Em 2010, foi condecorada com a Ordem de Mérito Civil, no grau de Comendador. Maria Alberta Menéres faleceu a 15 de abril de 2019, com 88 anos, mas as suas histórias continuam a encantar leitores de todas as idades!
Como comecei a escrever para crianças?
Eu nunca tinha pensado em escrever para crianças. Desde sempre me preocupei muito com a minha poesia e com o estudo da poesia contemporânea.
A minha infância cheia de pequeninas-grandes aventuras era uma recordação boa mas longínqua. Até que um dia acordei com febre: era uma vulgaríssima gripe! Só que uma gripe era para mim, de tão rara sempre que aparecia, uma coisa até muito divertida. No fundo, uma oportunidade para ficar alguns dias de cama e saber que alguém ia cuidar de mim. Lembro-me que, quando criança, como era muito raro estar doente, de vez em quando dizia para os meus pais: «Amanhã faz de conta que estou doente! Quero canja e que me contem histórias todo o dia!».
Assim, quando naquele dia de Dezembro de 1964 percebi que estava com gripe, fiquei toda contente! Ia poder ficar muito quietinha a sentir as horas a passar muito devagar ao longo do dia, e ia poder olhar à vontade para o tecto e para as folhas da velha árvore do outro lado da janela do quarto.
Quando as minhas duas filhas pequeninas partiram para o colégio, prometi que, quando voltassem a casa, teria qualquer coisa para lhes contar. E assim foi, quando vi que elas estavam quase a chegar, rabisquei umas linhas à pressa, a que chamei poesia. Quando lhes li o que tinha escrito para elas, senti-me perfeitamente frustrada: não era aquilo que quereria ter escrito.
O que seria então? O que poderia escrever que lhes trouxesse algo de novo e de vivo e que valesse mesmo a pena? No dia seguinte, fiz um esforço de entendimento das coisas simples.
E à noitinha, eu e as minhas filhas gostámos do que eu tinha inventado para lhes ler! Foi assim que percebi como escrever para crianças era afinal um tremendo desafio: uma fuga à facilidade, a urgência de uma análise e de uma síntese para construir a clareira onde o sentido das coisas tem o seu lugar próprio. E desde aqueles três dias de gripe que me divirto a descobrir esta outra forma de poesia (ou de atenção ao mundo em que vivemos).
In “De que são Feitos os Sonhos:
A Antologia Diferente”, Coordenação de Luísa Ducla Soares. Editado pela Areal Editores em 1985.
Livros da autoria de Maria Alberta Menéres disponíveis na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil:
Ilustrações de Isabel Lobinho
Editado pela ASA em 1996
Ilustrações de Carlos Barradas.
Editado pela Plátano em [19-?]
Ilustrações de Carlos Barradas
Editado pela Edições Latinas em 1985.
Ilustrações de António Modesto
Editado pelos Livros Horizonte em 1985.
Histórias de Tempo Vai e Tempo Vem
Ilustrações de Vitor Simões
Editado pela Desabrochar em 1988
No coração do trevo: poesia para crianças
Ilustrações de Maria João Lopes
Editado pela Verbo em 1992
Ilustrações de Marcello Urgeghe
Editado pela ASA em 1985
Editado pela Afrodite em 1968
Boas Leituras!
Tarde Demais
O grande livro das flores
