Miguel Torga faleceu a 17 de janeiro de 1995, deixando como legado uma vasta obra, traduzida em diversas línguas, que inclui poesia, prosa, teatro e o mais extenso diário de um escritor português.
Esta obra levou Portugal, e também a região da Beira Serra, aos quatro cantos do mundo. Conforme escreveu António Lopes Machado, Torga era um homem “Pouco aberto e de aparência austero e duro muitas vezes, dizia que quem o quisesse conhecer que lesse os seus livros”.
Acima de tudo, Torga preferiu a liberdade às amarras de um partido político, como Mário Vale, que o conheceu pessoalmente e ainda hoje guarda as cartas que recebeu dele enquanto esteve em África, recordou há dias.
Visitava assiduamente o concelho de Arganil e nenhum outro escritor se identificou tanto com a Serra do Açor e a região de Arganil como ele.
“Torga correu o mundo e conhecia Portugal como poucos. Mas o facto de ter sido médico em Arganil e grande amigo do Dr. Fernando Valle ligou-o muito à nossa região. De caçadeira às costas por montes e vales atrás das lebres e das perdizes percorreu muitos quilómetros a pé, interrompendo por vezes a caminhada para anotar um verso ou uma impressão mais marcante.”
A obra que nos legou é prova dessa ligação, pelas inúmeras referências que faz às terras do concelho de Arganil, como o Piódão, Pombeiro da Beira, Barril de Alva, o Hospital Condessa das Canas, em Arganil. E até às religiosas que o serviram.
Passados 30 anos sobre a sua morte, voltamos a lembrar Miguel Torga, com a exposição “Miguel Torga: Orfeu rebelde”, organizada por ocasião da atribuição do seu nome à Biblioteca Municipal, que estará patente na Biblioteca Municipal Miguel Torga de Arganil de 17 de janeiro a 5 de fevereiro.
Pretende-se não só recordar a ligação deste grande homem e escritor, representante máximo da portugalidade, ao nosso concelho, mas também a sua vida e obra numa perspetiva mais geral.