AS FLORES DE LÓTUS de José Rodrigues dos Santos
Excerto
O olhar de Salazar desviou-se momentaneamente para a janela do automóvel. Caíam lá fora os primeiros pingos de chuva, provenientes da treva, que deslizavam em ziguezague pelos vidros como se a noite despejasse lágrimas, mas logo surgiram nos passeios as luzes amareladas dos candeeiros noturnos, sinal seguro de que entravam em Lisboa.
“Para que se fez esta revolução se é para ficar tudo na mesma?”
“Na mesma?”, admirou-se o general Carmona. “O que quer o senhor dizer com isso?”
“O problema do país, senhor general, são os partidos!”, exclamou Salazar, a voz a ganhar veemência. “Os partidos, está vossa excelência a entender? Foi justamente a ação nefasta dos políticos e dos partidos que pôs o país onde ele está, senhor general. Ao contrário do que apregoam aos quatro ventos, os partidos não existem para servir o povo, mas para servir as suas clientelas. Fingindo servir a população, os partidos servem-se a si mesmos e apenas deixam ao país umas migalhas do banquete que engorda as suas gentes. Essa é que é a raiz do problema!
In, www.wook.pt
http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=67204&DDB=BD1#.Vs3RZX2LQdU
Livro disponível na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil