EXPOSIÇÃO – LENÇOS DOS NAMORADOS
D. Maria Filomena Gomes Simões Figueiredo, vive em arganil e é casada com o Sr. Armando Lourenço Jorge Figueiredo. A Mena, assim conhecida, nasceu, foi criada, casou e trabalhou sempre na nossa vila, na vila de Arganil.
Dedicou-se a esta arte desde criança, pois, conta, que quando saía da escola e outras vezes da catequese, nos seus tempos livres ia, com a irmã Luzia e mais tarde com a D. Sãozinha, aprender a bordar.
Ganhou gosto por esta arte e a ela se tem dedicado pois, como costuma dizer, o seu cigarro são os bordados.
Enquadramento Histórico dos Lenços dos Namorados
A origem dos chamados “lenços dos namorados” perde-se na noite dos tempos. Desconhece-se onde apareceram e qual a evolução que estas peças de arte tiveram ao longo dos tempos. Embora existam noutras regiões de Portugal e também noutros países europeus peças plasticamente próximas e com funções similares, é no Minho que os “lenços de namorados” têm hoje em dia uma particular vitalidade: a força da sua presença antiga tem motivado iniciativas de relançamento destas pequenas obras de arte cujo sucesso aparece como a manifestação contemporânea de uma antiga realidade cultural local.
A origem do nome “Lenços dos Namorados”
Convém salientar o facto de que falar em “lenços de namorados” constitui uma certa inovação. Pelo que se apurou no trabalho de campo antigamente não se usava, necessariamente, essa designação. Não quer dizer que não se usasse de todo, mas, ao que parece, não tinha a dimensão emblemática, quase obrigatória, que tem agora. Muitas pessoas idosas, bordadeiras ou não, lembram-se de um tempo em que se falava simplesmente dos “lenços”, ou dos “lencinhos”. Os textos antigos usam as expressões “lenços de pedido”, “de conversados”, mais raramente “lenços de amor”, sem que seja realmente possível perceber qual a origem destas designações
É importante esclarecer que a expressão “lenços de namorados”, hoje consagrada, além de ser uma inovação, é de certa medida abusiva: muitos lenços eram (e são) oferecidos num leque de situações afetivas muito mais variadas do que o simples “namoro”. A designação atual cristalizou-se sobretudo a partir das duas recolhas levadas a cabo nos anos 80 no Concelho de Vila Verde. Foram estas iniciativas que marcaram o início da revitalização dos lenços, alargada a uma variedade de novos usos (batizados, comemorações de aniversários de casamento, etc.), em relação aos quais a expressão “lenços de amor” teria sido preferível, por ser menos específica e designar uma maior variedade de situações.
Delimitação geográfica da área de produção
A presença dos lenços não é uniforme em toda a região: a sua produção apresenta uma expressividade mais marcada em certos concelhos. Além disso, existe uma continuidade plástica e funcional entre alguns tipos de lenços do Minho e de outras regiões, não necessariamente vizinhas. No entanto, a particular pujança dos lenços no Minho é uma justificação suficiente para considerar que constituem uma realidade específica que justifica a denominação. Neste entendimento, podem ser certificados lenços bordados por uma pessoa, qualquer que seja a sua origem, residente nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto, bem como nos concelhos de Montalegre, Boticas, Ribeira de Pena e Mondim de Basto do distrito de Vila Real.
Exposição que pode visitar nas Bibliotecas Públicas do Concelho até ao final do mês de fevereiro.