GRUPO DE TRABALHO DOS BIBLIOTECÁRIOS

Os Bibliotecários da Zona do Pinhal Interior Norte, composta por 14 Municípios: Alvaiázere, Ansião, Arganil, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Oliveira do Hospital, Pedrógão Grande, Pampilhosa da Serra, Penela, Tábua, Vila Nova de Poiares, reuniram-se para analisar estratégias para a Leitura Pública nas suas Bibliotecas Municipais. Dessa reunião saiu um memorando de que damos aqui conhecimento.

1º ENCONTRO DE TRABALHO DOS
BIBLIOTECÁRIOS DA ZONA DO PINHAL INTERIOR NORTE

Memorando

Sob a égide da DGLB (Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas), reuniram-se no dia 5 de Dezembro, na Biblioteca Municipal da Lousã, 10 dos 14 bibliotecários da Zona do Pinhal Interior Norte.

Estiveram no encontro as bibliotecárias Ana Paula Neves de Tábua; Margarida Fróis de Arganil; Cristina Bernardo de Castanheira de Pera; Margarida Coimbra de Miranda do Corvo; Natércia Pereira da Lousã; Paula Ferreira de Penela; Olga Nunes de Oliveira do Hospital; Paula Cação de Vila Nova de Poiares; Teresa Ramos de Ansião e o bibliotecário Sérgio Mangas de Figueiró dos Vinhos. Os outros bibliotecários por motivos de força maior não puderam comparecer, muito embora tenham manifestado interesse em participar em reuniões posteriores. O encontro foi conduzido por um membro da DGLB, a qual se fez representar pela Dr.ª Vera Oliveira. Ainda estiveram presentes, na qualidade de observadores, o bibliotecário de Pombal, Élio Coimbra, e a Vereadora do Pelouro da Cultura de Oliveira do Hospital, Graça Silva.
A Drª. Vera Oliveira iniciou a sessão referindo que a sua presença se insere numa estratégia de promoção do trabalho desenvolvido pelas bibliotecas públicas municipais, nomeadamente no que respeita a projetos desenvolvidos em redes regionais. Foi em seguida dada a palavra a todos os presentes os quais fizeram uma apresentação da respectiva biblioteca que coordenam, referindo as fragilidades e ameaças, mas também as forças e oportunidades das mesmas.

Nas intervenções que foram feitas, verificaram-se diferenças assinaláveis entre as várias bibliotecas municipais da Zona do Pinhal Interior Norte, a saber:

• bibliotecas com vinte anos de abertura ao público e outras com apenas alguns meses;
• bibliotecas com uma equipa de trabalho mais alargada, qualificada e estável e outras com uma equipa muito reduzida, pouco qualificada e instável;
• bibliotecas com uma renovação continuada do fundo documental e outras sem recursos financeiros para aquisição de documentos;
• bibliotecas com recursos financeiros para a realização regular de actividades culturais e de promoção e animação da leitura e outras com uma programação esporádica e muito irregular;
• bibliotecas com o catálogo on-line e serviços digitais e outras sem qualquer presença na Internet;
• bibliotecas com espaços diferenciados, adaptados aos diversos públicos e devidamente equipados e outras a funcionar em espaços inadequados e sem as condições mínimas.
Constata-se que estas assimetrias apontam, em cada vez mais casos a nível nacional, para um séria desqualificação e um desvio negativo em termos dos objetivos inerentes às bibliotecas públicas, os quais estão claramente definidos em recomendações e diretrizes emanados quer por organismos nacionais, como a DGLB, quer por organismos internacionais, como é o caso da IFLA (International Federation of Library Associations) e da UNESCO. Esta realidade, com a qual muitos bibliotecários têm sido confrontados, representa um grave prejuízo em termos de acesso à informação, ao conhecimento e à cidadania, e não tem permitido uma efetiva exploração dos investimentos realizados por muitos Municípios e pela Administração Central, já que a construção de novas bibliotecas públicas não tem sido acompanhada por uma adequada sustentabilidade das suas coleções, serviços e equipas.

Não é demais referir que estas bibliotecas públicas municipais, funcionando na base de gratuitidade de serviço público, são equipamentos que devem ser organizados e geridos por pessoas tecnicamente qualificadas com o objetivo de garantir um acesso não condicionado à informação, à cultura, ao conhecimento, à promoção da leitura e à formação dos indivíduos.

Mas estas bibliotecas visam também, através dos seus serviços e das suas coleções, oferecer oportunidades para uma ocupação inteligente do tempo de lazer das pessoas, de autoaprendizagem e de aquisição e ampliação das respectivas competências. Por isso, as bibliotecas públicas são espaços culturais e educativos privilegiados de inclusão e sociabilização destinados a todos os cidadãos.

Finalmente, as bibliotecas públicas municipais devem ser um agente ativo na recolha, preservação e divulgação da história, cultura e tradições dos concelhos onde estão inseridas, através da constituição daquilo que normalmente é designado por «Fundo Local». Estes recursos documentais são muito específicos, já que refletem as características e atividades de uma determinada comunidade. O valor destes «fundos locais» reside precisamente no seu carácter único e no papel vital que desempenham para o conhecimento da memória coletiva da comunidade e, por conseguinte, da sua identidade, constituindo-se por isso em instrumentos fundamentais na valorização e promoção do território.

No seu conjunto e apesar das assimetrias assinaladas, as bibliotecas públicas municipais do Pinhal Interior Norte estão conscientes de que em tempo de crise «a necessidade aguça o engenho», e que, com base num trabalho em grupo, podem encontrar mais e melhores soluções para problemas comuns, sendo a troca de experiências e de boas práticas essencial para melhorar os serviços que atualmente disponibilizam à comunidade.

Daí que só através de um trabalho em rede e baseado em dinâmicas de grupo seja possível uma efetiva cooperação e partilha de recursos. Com efeito, em tempos de crise, como a que atravessamos, a necessidade de otimizar investimentos que se fizeram e que constituem uma mais-valia para as populações deve ser uma prioridade de todos, em particular dos técnicos que estão no terreno, e que coordenam esses equipamentos e os respectivos recursos humanos que neles trabalham.

Por todas estas razões, os bibliotecários presentes nesta reunião decidiram propor aos respectivos executivos autorização para criarem um grupo de trabalho no interior da CIMPIN (Comunidade Intermunicipal do Pinhal Interior Norte), de modo a poderem desenvolver e apresentar projectos bibliotecários que possam contribuir para o desenvolvimento integrado e sustentado do Pinhal Interior Norte, nomeadamente na sua vertente sócio-cultural.

Biblioteca Municipal da Lousã, 5 de Dezembro de 2011.