A obra


Ao longo do seu percurso Nogueira Gonçalves deu à estampa mais de trezentos trabalhos, quer publicados isoladamente, quer em revistas especializadas, como a Biblos, a Revista da Academia Nacional de Belas Artes, a Revista Portuguesa de História, a Revista de Arte e Arqueologia, o Ocidente, a Ourivesaria Portuguesa, o Mundo da Arte, o Museu, o Tripeiro, a Ilustração Moderna, a Renascença, entre outros.

Publicou também textos diversos em jornais como “A Comarca de Arganil”, o “Jornal de Arganil”, o “Diário de Coimbra”, O “Diário Popular” e o “Novidades”.

Apesar de quase todas as fontes referirem “A capela de S. Pedro de Avô”, publicado em 1925 na revista Alma Nova, como tendo sido o seu primeiro escrito, António Nogueira Gonçalves em carta enviada à Comarca de Arganil, esclarece que “Uma relíquia romana em Pomares”, publicada no referido jornal a 29 de Setembro de 1921, foi o seu primeiro escrito no domínio da História da Arte.

 

In: Correio de Coimbra de 14 de Maio de 1938

“É no meio dos livros que o Padre Nogueira Gonçalves encontra a serenidade e o enriquecimento da inteligência. Convive com professores universitários, de maneira especial com os da Faculdade de Letras, recebendo e dando informações, trocando conhecimentos.
(…) Mas o Padre António Nogueira Gonçalves não guarda o saber somente para ele, como em torre inacessível. Escreve e compartilha com os outros o que sabe.”

A. Brito Cardoso in Figuras da Igreja na Diocese de Coimbra: António Nogueira Gonçalves

António Nogueira Gonçalves é autor de quase todas as imagens que ilustram a sua obra.
Desenhos da sua autoria.

Os seus trabalhos abrangeram as mais diversas áreas, como Arquitectura, Escultura, Pintura, Ourivesaria, Cerâmica e Tecidos, incluindo um interesse percursor pela Arte Islâmica e pela Arquitectura Militar e num arco temporal estendendo-se da Idade Média ao século XVIII, revelando invulgar à-vontade na análise formal e conhecimento das técnicas utilizadas e incidindo, de igual modo, sobre domínios do saber histórico, como a Epigrafia, a Heráldica e a Paleografia. Porém, foi o período medieval a que primeiramente o mobilizou, com especial destaque para a arquitectura românica de Coimbra, sobre a qual publicou em 1939 o livro Novas Hipóteses acerca da Arquitectura Românica de Coimbra, um primeiro e arrojado ensaio, precedido de outras monografias, como A Sé Velha de Coimbra e A Igreja Românica de Sta. Cruz (1933); A Torre de Sta. Cruz de Coimbra (1935) e A Capela Românica de S. João de Sta. Cruz (1936).

A partir das décadas de 1960 e 1970, o seu interesse concentrou-se sobre a arte do Renascimento, tanto nos domínios da arquitectura como da escultura, tendo produzido nessa época estudos ainda hoje modelares, como O Claustro da Serra do Pilar na Arquitectura Portuguesa e Qual o Filho Mais Velho do Arquitecto Diogo de Castilho? (1968); Tomé Velho – Artista Coimbrão na Passagem dos sécs. XVI-XVII  (1972), A Igreja de Atalaia e a Primeira Época de João de Ruão (1974), ou O Mestre dos Túmulos dos Reis (1975).

Especial atenção lhe mereceu também a ourivesaria, à qual dedicou dezenas de estudos, publicados em grande parte na revista Ourivesaria Portuguesa e o coroar desta actividade resultou, respectivamente em 1979, 1980 e 1984, na publicação das obras Estudos de História da Arte da Renascença, Estudos de História da Arte Medieval e Estudos de Ourivesaria.

“Rigor, seriedade, grande conhecimento de todas as outras disciplinas históricas, grande conhecimento das técnicas artísticas, muitas viagens pelo país, feitas sabe Deus com que esforço, foram as bases para uma obra monumental.”

“O prof. Nogueira Gonçalves é hoje, evidentemente, o patrono da nossa História da Arte, é uma referência constantemente presente onde quer que se vá”

Pedro Dias na sessão de atribuição da Medalha de Ouro do Município de Arganil a António Nogueira Gonçalves